Autores

Specht Bastos, C. (UNEB) ; Passos dos Santos, L. (UNEB) ; Tavares Moreira, B.C. (UNEB) ; da Silva Sá, C.S. (UNEB)

Resumo

Apresentamos o Jogo da Memória Orgânica, desenvolvido no subprojeto Pibid/Química/Uneb, para discutir suas possibilidades de aplicação e contribuição no aprendizado dos estudantes do ensino médio, bem como o impacto da experiência vivenciada na formação de bolsistas ID. Dentre os objetivos do jogo tem-se: propiciar a identificação de grupos funcionais; correlacionar fórmulas estruturais com o nome das funções orgânicas e exercitar as regras de nomenclatura. O jogo foi aplicado em duas turmas do Colégio Estadual Thales de Azevedo, Salvador, e na análise dos resultados foi possível perceber que despertou o interesse dos estudantes sendo reconhecido como um MD dinâmico e adequado para complementar suas aprendizagens. A vivência do processo enriqueceu a bagagem profissional dos IDs.

Palavras chaves

jogo didático; aprendizagem; Pibid Química

Introdução

A partir de observações de aulas de Química Orgânica, no Colégio Estadual Thales de Azevedo, no bairro do Costa Azul, Salvador-BA, os integrantes do Pibid Química Uneb 2014, identificaram dificuldades dos estudantes em apreender as diferentes funções orgânicas e suas denominações. Em discussões subsequentes, os iniciantes à docência (IDs) foram desafiados a propor um material didático (MD) que auxiliasse no aprendizado, considerando a importância deste conhecimento químico para a vida em sociedade. O levantamento de referenciais realizado levou os IDs a optarem por construir um jogo baseado em características apontadas por alguns autores, relativas à: eficiência em despertar o interesse nos estudantes, atuação como facilitador no processo de ensino-aprendizagem, ludicidade e dinamicidade que confere às aulas (SOARES, 2013). Segundo Cunha (2012), os jogos podem ser utilizados de várias formas quando indicados como recurso didático: apresentação de conteúdo, revisão ou síntese e avaliação. Sob estas perspectivas, utilizando a dinâmica dos jogos de memória, bastante conhecidos pelos estudantes, mas contemplando conceitos químicos, elaborou-se o Jogo da Memória Orgânica, o qual apresentamos neste texto a fim de discutir suas possibilidades de aplicação e sua contribuição no aprendizado dos estudantes do ensino médio, bem como o impacto da experiência vivenciada na formação dos bolsistas ID. Os objetivos específicos do jogo construído são: propiciar a identificação de grupos funcionais e a correlação de fórmulas estruturais com o nome das funções orgânicas; exercitar as regras de nomenclatura, segundo a IUPAC; avaliar e aprimorar o nível de apreensão do conteúdo pelos estudantes.

Material e métodos

O jogo é constituído por dezoito cartas (Figura 1), impressas em papel vergê e plastificadas manualmente. As cartas são divididas em 2 grupos: um referente ao nome das funções orgânicas e outro à fórmula condensada das moléculas cujas representações foram construídas usando o programa ChemSketch. O grupo funcional foi destacado e, para que não houvesse um alto grau de complexidade, evitou-se usar estruturas ramificadas. O jogo é realizado em duas etapas: na primeira, as equipes selecionam pares correspondentes contendo fórmula estrutural e nome destas funções orgânicas; na segunda, depois de todos os pares serem encontrados, as equipes representam a fórmula molecular e a nomenclatura dos compostos formados pelos pares, seguindo as regras da IUPAC, discutidas previamente em aulas anteriores. O jogo foi aplicado em duas turmas (T1 e T2) as quais foram divididas em grupos que, posteriormente, foram divididos em dois subgrupos para disputarem entre si. Em todas as aplicações havia um ou dois IDs por grupo para mediar, orientar se necessário e fazer observações. As peças foram colocadas aleatoriamente sobre as mesas e os participantes tinham 1 min para visualizá-las. Na primeira etapa os estudantes deveriam retirar as cartas memorizadas formando um par adequado. Na segunda etapa, os estudantes tinham 3 min para preencher o quadro de respostas (Q1) com a fórmula condensada, o nome da função, a fórmula molecular e a nomenclatura do composto, para cada par encontrado. Após as aplicações foi solicitado aos estudantes que respondessem a um quadro de avaliação (Q2) relativa à adequação do conteúdo ministrado em aulas anteriores, ao entendimento das regras e aos objetivos do jogo. Os dados de Q1 e Q2 subsidiam a discussão dos resultados obtidos neste trabalho.

Resultado e discussão

O Jogo da Memória Orgânica foi utilizado como instrumento de avaliação do conteúdo. Durante a aplicação, os comentários dos estudantes e as observações dos IDs já serviam para subsidiar a análise do jogo. Na 1ª etapa da aplicação, os IDs observaram que os estudantes da T1 encararam o jogo apenas como jogo de memória, mas na verdade tinham dificuldade em relacionar o grupo funcional com os nomes das funções. Este fato foi percebido pelos estudantes apenas na segunda etapa do jogo, quando necessitavam nomear os compostos. Isto demonstra a falta de apreensão do conteúdo, o que é corroborado pela análise das respostas ao Q1 cujos dados são apresentados na Tabela 1. Este fato não foi observado em T2, cujo desempenho foi superior ao da T1, a qual demonstrou dificuldades básicas em relação ao conteúdo. A análise das respostas ao Q2 demonstra que, em média, 80% dos estudantes consideraram que os objetivos do MD foram alcançados e o mesmo está apropriado para abordar o conteúdo, o qual é condizente com o discutido em sala. Cerca de 85% dos estudantes expressaram a dificuldade na compreensão das regras, o que nos levou a repensar sobre a divisão das turmas em grupos menores, para facilitar a comunicação, como ocorreu na 2ª aplicação (T2) e a revisar o texto das regras para torná-las mais claras. Esse trabalho, desde as observações antes de sua criação, até as análises após a aplicação, contribuiu significativamente para a formação dos IDs. Todo o processo de produção, aplicação e análise do jogo permitiu aos licenciandos uma oportunidade que professores atuantes nas escolas básicas raramente possuem. Nesta vivência, a partir de dificuldades identificadas in loco, lhes foi propiciado buscar formas de minimizá-las e ao mesmo tempo motivar os estudantes para o aprendizado.

Figura 1 - Representação de cartas do Jogo da Memória Orgânica



Tabela 1 - Percentual de aproveitamento das turmas 1 e 2

Dados da aplicação do Jogo da Memória Orgânica.

Conclusões

O Jogo da Memória Orgânica cumpriu o seu objetivo quanto aos aspectos de despertar o interesse dos estudantes e à ludicidade sendo reconhecido como um MD dinâmico e adequado para complementar suas aprendizagens. Demonstrou-se viável enquanto instrumento de avaliação, podendo ser utilizado para diagnosticar as dificuldades em relação ao conteúdo abordado. Em relação à formação dos IDs, o mais importante dessa experiência foi a oportunidade de acompanhar o processo de criação, confecção, aplicação e avaliação do jogo como material didático enriquecendo a bagagem profissional dos mesmos.

Agradecimentos

Esse trabalho é financiado pela CAPES através do Projeto Pibid, desenvolvido na Universidade do Estado da Bahia.

Referências

CUNHA, M. B. Jogos no Ensino de Química: Considerações Teóricas para sua Utilização em Sala de Aula. Revista Química Nova na Escola, nº 2, 92-98, 2012.

SOARES, M. H. F. B. Jogos e Atividades Lúdicas para o Ensino de Química. Goiânia: Kelps, 2013.